Você já deve ter visto esta cena: logo que começam os primeiros plantões e uma graninha começa a sobrar, é comum ver alguns médicos guardando a verba extra em investimentos que eu nem gosto de chamar de investimento.
Este post é justamente sobre isso. Eu vou falar sobre as 5 piores formas que eu vejo para guardar nosso suado dinheirinho.
É duro, mas já perdi a conta de quantas vezes vi algum cliente meu usando uma dessas 5 maneiras de guardar seu dinheiro. Como sei o duro que vocês dão nos consultórios e nos plantões, resolvi fazer este vídeo para que vocês eliminem esses hábitos o mais rápido possível das suas vidas.
Vamos ao primeiro:
1 – Porquinho:
Sim, tem gente que utiliza porquinhos de louça para deixar parte de suas economias. E na mesma linha do porquinho, mas um pouco menos lúdico, temos gavetas, carteira, pote de biscoito e por aí vai… Esses métodos têm dois problemas graves. Primeiro é a segurança: manter a posse física do dinheiro dá margem a furtos, extravios, roubo e até mesmo esquecer onde deixou o dinheiro, dependendo de onde for o esconderijo.
O segundo problema é a inflação. Quando seu dinheiro está parado, embaixo do colchão, ele não está rendendo nada e vai acabar perdendo valor ao longo do tempo. Hoje a inflação oficial no Brasil está rondando os 4% ao ano. No curto prazo isso não vai fazer muita diferença, mas se for deixar o dinheiro assim por um tempo longo, o prejuízo pode ser grande.
Arrume sempre um jeito de deixar seu dinheiro trabalhando por você, deixe o porquinho para as primeiras aulas de educação financeira das crianças…
2 – Conta corrente:
A conta corrente é praticamente igual ao porquinho, a única diferença é que você resolve o problema da segurança. Mas vai continuar perdendo dinheiro para a inflação. De quebra, ainda corre o risco de misturar o dinheiro que estava guardando com aquele dos seus gastos do dia a dia e acabar não guardando nada.
O macete é nunca deixar o dinheiro na conta corrente, existem vários fundos com resgate automático ou contas que remuneram o dinheiro que fica parado, bem comum nas contas digitais. Nubank e Pic Pay são só dois exemplos pra início de conversa.
3- Poupança:
A poupança tem um fator cultural muito forte no Brasil. Talvez pela simplicidade, ou então pelo valor baixo de investimento inicial, ou ainda, pela lembrança de que um dia ela já foi garantida pelo governo. Seja lá qual for o motivo, nenhum desses fatores se justifica hoje em dia.
Existem diversos investimentos tão simples quanto a poupança e com aportes iniciais muito baixos, na casa dos R$ 30. E garantia do governo, já não existe há muito, muito tempo. Hoje a garantia é do Fundo garantidor de crédito, que já falamos em outro post.
O grande problema da poupança, na verdade são dois. Ela perde pra inflação e os rendimentos só são computados a cada 30 dias. Hoje a poupança rende 1,4% ao ano, já é melhor que o porquinho, mas ainda perde para a inflação. E como os rendimentos só acontecem a cada 30 dias, se você ficar, por exemplo, com o dinheiro investido por 29 dias e sacar, seu rendimento será zero!
Pois é… Viu como é ruim?
4- Título de capitalização:
Para começar, título de capitalização não é investimento, embora seu amigão gerente do banco vai tentar te convencer do contrário, se você bobear.
Título de capitalização, PIC, CAP, tele sena ou qualquer desses nomes menos queimados são um sorteio e não investimento. Se o poupador não for sorteado, vai perder dinheiro. No final do período, o poupador recebe o dinheiro de volta, sem correção ou com uma correção ridícula que não repõe sequer a inflação.
E só piora: se sair antes do final do período, está lascado, pois ainda vai ter que pagar multa…
Enfim, se estiver no início do período talvez valha a pena cancelar, sacar (pagando a multa) e colocar o capital em algum investimento de fato. Mas se não for no início, por causa da multa, talvez seja melhor esperar o final do período contratado. Mas, seja lá qual for o cenário, o importante é que não coloque mais um centavo. Pare os aportes imediatamente.
5- Consórcio
Finalmente, chegamos à pior forma de guardar dinheiro: o famigerado consórcio. Uma invenção brasileira, depois exportada para o mundo, afinal não é só aqui que os bancos adoram produtos péssimos para os clientes e ótimos para eles.
O problema do consórcio é que ele tem pesadas taxas de administração, que rondam os 20% no caso de consórcio imobiliário, e não tem qualquer rendimento. Ou seja, o consorciado paga 20% do seu capital para perder dinheiro! Sensacional, não é mesmo?!
Se o consorciado é contemplado no início do período do consórcio, o prejuízo é menor, pois pelo menos vai usufruir do bem enquanto continua pagando o consórcio e perdendo seus 20%. Mas quem fica para o final não tem nem isso para se consolar.
Uns vão dizer que a carta de crédito é atualizada pela inflação. Sim, é verdade. Mas os valores pagos também. No final das contas não há rendimento algum, só a perda da taxa de administração, seguros e outras taxas.
Para quem entrou nessa roubada, há duas alternativas: passar o consórcio para frente ou parar os pagamentos. Geralmente, neste último caso, o montante já pago é recebido de volta apenas no final do prazo do consórcio, mas pelo menos o prejuízo não aumenta!
E você, já perdeu dinheiro com alguma dessas 5 maneiras de guardar dinheiro? Coloque aqui nos comentários se quer saber mais detalhes ou sobre formas mais indicadas para efetivamente guardar seu dinheiro. Terei prazer em responder e, quem sabe, sai até um novo post.